Tarefa 1-
O desenvolvimento humano: A infância e a Velhice, o começo e o fim.
Resumo
Este ensaio apresenta duas das fases do desenvolvimento humano estudadas na UC de Psicologia do Desenvolvimento. O desenvolvimento humano é dividido em quatro fases, sendo elas: A infância; adolescência; a idade adulta e a velhice. Neste trabalho irei focar apenas duas: a infância e a velhice, a infância porque é o inicio do ciclo de vida e a velhice porque é o término do ciclo de vida. Pretende-se focar a infância e o processo de desenvolvimento durante esta fase, principalmente o conceito de vinculação, de igual maneira pretende-se focar também a velhice bem como todo o processo de desenvolvimento e o conceito de sabedoria.
Palavras-chave: Infância, vinculação, comportamentos inatos, desenvolvimento humano, segurança, estádios, velhice, sabedoria;
1 - A infância e a vinculação
A infância caracteriza-se por um período que vai desde o nascimento até aos doze anos caracterizada por três fases: dois primeiros anos de vida; período pré-escolar e período escolar.
É no primeiro ano de vida que o desenvolvimento da criança será mais rápido face a qualquer outro período de vida, devido à sua capacidade de aprendizagem e dos processos de crescimento e maturação. A criança começa a desenvolver-se psicologicamente e começa a construir bases para a sua personalidade. De acordo com alguns teóricos como Piaget, o conhecimento da criança é construído pela interacção da pessoa com o meio (perspectiva construtivista). Segundo os estádios designados por este, o primeiro é o estádio sensório-motor que vai até aos 24 meses e que se caracteriza por uma inteligência prática aplicada à resolução de problemas e que põe em jogo as percepções e o movimento, é uma inteligência baseada na acção e que é anterior à linguagem e ao pensamento.
O estádio pré-operatório (2/7 anos), onde predomina o egocentrismo, a criança entende que o mundo foi criado para si. O estádio das operações concretas (7/12 anos) a criança já tem um pensamento lógico e tem capacidades para fazer operações mentais. Os seus raciocínios lógicos são reversíveis.
Freud, por sua vez considera que o desenvolvimento humano e a construção do aparelho psíquico são explicados pela evolução da psicossexualidade. A sexualidade está integrada no nosso desenvolvimento desde que nascemos e que evolui através de estádios a que Freud se refere como estádio oral (0/18 meses), onde a boca é o órgão privilegiado. O estádio Anal (12/18meses), a maturação vai permitir à criança reter ou expulsar as fezes e a urina. Esta fase caracterizada pela autonomia da criança em querer afirmar as suas vontades. Estádio fálico (3 anos), neste estádio a zona erógena é a região genital, a criança começa a estar interessada em saber como nascem os bebés e está atenta às diferenças anatómicas existentes entre os sexos. Estádio da latência (5/6anos puberdade), depois de ter vivido o complexo de Édipo a criança entra numa fase de latência, esquecendo alguns acontecimentos vividos nos primeiros anos, este estádio caracteriza-se pela diminuição da actividade sexual.
Podemos então constatar, que apesar das diferenças existentes nas diversas teorias, uma coisa é certa: A criança vai sofrer várias alterações físicas e sensoriais que lhe vão permitir adaptar-se ao meio social.
O processo de vinculação dá-se durante o período da gestação, ai é criado o primeiro vínculo com os pais, a vinculação permite que a criança se sinta segura junto da figura maternal, esta dá-lhe atenção e segurança o que gera emoções positivas e um sentimento de bem-estar sentido pela criança, que assim se sente com forças para avançar na sua caminhada e no futuro ser um indivíduo desenvolvido e seguro de si próprio. Como podemos ver os primeiros vínculos são fundamentais para o desenvolvimento físico e psíquico do bebé, pois este passa a estar preparado para responder de forma correcta às exigências do processo de desenvolvimento. As mudanças psíquicas ocorridas preparam a criança para a resolução do complexo de Édipo e para o desenvolvimento de competências inter-pessoais. Segundo Selman (1981), essas competências referem-se a saber que o Outro tem sentimentos e pensamentos diferentes dos seus. “A capacidade da criança reconhecer o Outro como alguém que é psicologicamente diferente de si permite um avança significativo na individuação e, em consequência, a hélice separação-individuação torna-se predominante” (in texto 5 UAB).
Bowlby (1988) provou que o bebé possui comportamentos inatos que são accionados á nascença, comportamentos como o agarrar, seguir, sorrir, que garantem a sua adaptação e sobrevivência. Estes comportamentos são vistos como uma forma de o bebé estabelecer uma relação com as figuras mais próximas para assegurar a sua sobrevivência. Um comportamento bem organizado de vinculação segundo Ainsworth (1978) vai permitir à criança ter um sentimento de segurança, este sentimento vai facultar à criança tolerar a ausência da mãe, pois sabe que ela vai voltar. Bowlby (1988) apresenta a necessidade de vinculação (apego), isto é, a necessidade de estabelecimento de contacto e de laços emocionais entre o bebé e a mãe e outras pessoas próximas, como um fenómeno, biologicamente determinado. A necessidade de vinculação que a criança tem não é consequência da aprendizagem, mas sim uma necessidade básica do ser humano tal como é a alimentação e a sexualidade.
Os primeiros anos de vida são fundamentais para o desenvolvimento da criança, seja ele físico ou psicológico, portanto são estes factores importantes para uma boa vinculação, qualquer perturbação que surja nestes primeiros anos poderá causar atrasos na saúde mental da criança. O futuro e segurança do bebé depende das relações de vinculação estabelecidas nos primeiros anos de vida, quanto mais a figura maternal ou próxima da criança cuidar e oferecer estabilidade, mais a criança se sentirá segura e protegida. Durante a vida iremos ter diferentes vinculações com funções específicas. A vinculação dura enquanto dura o ciclo de vida do individuo.
2 - A velhice e a sabedoria
Tal como na infância, também na velhice existem mudanças, mudanças essas que tem a ver com o declínio. O processo de envelhecimento provoca alterações a nível físico, a cor do cabelo muda, a pele começa a enrugar, adopta-se uma postura curvada. A nível dos sentidos é notório um défice auditivo e sensibilidade no paladar. Associado ao envelhecimento vem também a perda de peso, diminuição da motricidade fina. O coração perde tonicidade muscular e a pressão sanguínea sofre alterações. Segundo Erikson nesta fase da vida (integridade versus desespero) o indivíduo faz uma reflexão do percurso de vida, se esta reflexão for negativa geram-se sentimentos de desespero, pois o indivíduo já não pode voltar atrás nos seus actos. Se por outro lado, a reflexão for positiva gera sentimentos de integridade. Desta reflexão surge a sabedoria.
Segundo Kramer (1990), o conceito de sabedoria é amplo, com diversas conotações que englobam dimensões cognitivas (domínio de uma forma especifica de saber, o estilo do sujeito) e dimensões conotativas (descentração e empatia). As pessoas sábias são usualmente caracterizadas por terem capacidades para situar os problemas em contextos amplos, sabem dar conselhos e sugestões coerentes, sabem definir e avaliar adequadamente a informação. Segundo alguns autores, estas pessoas costumam ser bons ouvintes e aprendem com os seus próprios erros e com os dos outros. A sabedoria é usada em situações em que se tem de tomar decisões complexas sobre determinado assunto, em situações que temos de dar a nossa opinião, situações em que pensamos em decisões que tenhamos que tomar, etc.
O conceito de sabedoria difere de teórico para teórico, cada um tem a sua definição de sabedoria, por exemplo, segundo Baltes (1994) a sabedoria é como «um nível de mestria pragmática», que implica conhecimentos sobre o seu próprio desenvolvimento, sobre a natureza humana, sobre as relações sociais e diversidade cultural, etc.
Na perspectiva de Robert Sternberg, John Meacham e Karen Kitchener e Helene Brener, a sabedoria é uma forma de pensar que permite à pessoa ter consciência de que ninguém sabe tudo e que não existe uma única resposta e que seja verdadeira. Segundo Sternberg (1985,1987,1990), a sabedoria manifesta-se através do interesse pelos outros, da compreensão das pessoas e dos seus problemas, etc. Pascuale-leone (1990) define sabedoria como resultando da interacção entre afeto, cognição e experiência de vida. Todos os autores na sua definição de sabedoria englobam como imprescindível as capacidades de saber aconselhar, a descentração e a empatia.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, “o importante é não apenas acrescentar anos à vida, mas sim, acrescentar vida aos anos”. Recordemos que Cervantes tinha 68 anos quando terminou o Dom Quixote. O historiador José Armando Saraiva tem 92 anos e continua a fazer os seus documentários históricos. Ser velho não significa ter incapacidade ou deficiência, pelo contrário, as pessoas mesmo idosas conseguem e continuam a fazer aprendizagens, exemplo disso é a sua frequência nas universidades seniores, além dos exemplos acima referidos.
Existe uma frase de Pitágoras que se adequa muito bem à velhice e sua condição: “ Uma bela velhice é comummente, recompensa de uma bela vida”, não posso estar mais de acordo com esta frase, de facto uma bela velhice significa que o idoso passou de forma saudável por todas as etapas do desenvolvimento humano.
Bibliografia
Monteiro Manuela, Santos Milice Riberiro dos (1999) Psicologia. Porto: Porto Editora
Tavares et al. (2007). Manual de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Porto: Porto Editora.
Texto 5, Psicologia do Desenvolvimento, UAb, 2011
Marchand, H. (2001) Psicologia do Desenvolvimento
Webgrafia
John Bowlby. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-05-17].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$john-bowlby>.
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$john-bowlby>.
Velhice disponível online em: https://www.facebook.com/pages/Velhice/106330456068969?sk=wiki [Acedido em: 22-05-2011]
O “Conceito” de “Velhice” disponível online em: http://www.artigonal.com/psicologiaauto-ajuda-artigos/o-conceito-de-velhice-422992.html [Acedido em 22-05-02011]
Estilo de vida como indicador de saúde na velhice disponível online em: http://www.cienciasecognicao.org/pdf/v12/m347137.pdf [Acedido em: 22-05-2011]